História das Molduras- IN MOLDURA Molduras e Quadros por Medida
459
post-template-default,single,single-post,postid-459,single-format-standard,bridge-core-2.6.8,qode-page-transition-enabled,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,qode_grid_1300,footer_responsive_adv,qode-theme-ver-25.3,qode-theme-bridge,wpb-js-composer js-comp-ver-6.6.0,vc_responsive,elementor-default,elementor-kit-1135
história das molduras-oficina-molduras-quadros

Molduras – História das Molduras

História das Molduras

História das Molduras: Há quem diga que a moldura está para uma obra de arte assim como os cabelos estão para uma cabeça. Um complemento!

Até já tentaram criar modas carecas, assim como a arte contemporânea introduziu a pintura em painel, sem moldura. Usadas em desenhos, fotografias e pinturas, as molduras tem a função inicial de protegê-los, mas são também um excelente complemento visual. Um trabalho bem emoldurado terá uma longa vida se o material utilizado na confecção da moldura for condizente para tal. Feita tradicionalmente em madeira, cada vez mais tem-se inovado em sua produção, vindo a serem utilizados materiais como aço, alumínio, prata, bronze, gesso e até mesmo o plástico. O paspatur (passe-partout) é um acessório que também trouxe um ótimo incremento às molduras, formando uma espécie de isolamento entre a obra de arte e a moldura propriamente dita.

Galerias nos Museus de São Petersburgo (acima) e Louvre (abaixo).

Assim como as famosas obras encontradas nessas instituições, as

molduras são uma atração à parte.

Há relatos de que as primeiras molduras, ou pelo menos algo que tivesse essa função, tenham sido usadas no Antigo Egito, encontradas ornando múmias, que eram penduradas nas casas de seus proprietários, antes mesmo de serem utilizadas como equipamento funerário. Mas, somente nos séculos XII e XIII as molduras começaram a ser produzidas com o aspecto e a função que conhecemos atualmente. Curiosamente, o processo de elaboração de uma obra de arte acontecia no sentido inverso de hoje. Primeiramente era construída a moldura, em peça única e finamente acabada, e só então, numa área reservada em seu centro era reservado um espaço para se confeccionar a pintura. Era um processo caro, que inibia a confecção de obras em grandes proporções, pois era quase impossível encontrar tábuas com grandes dimensões que pudessem ser esculpidas. Quando finalmente tiveram a ideia de produzir tiras de madeira cortadas em esquadrias e que passaram a ser colocadas nas laterais dos painéis pintados, que eram geralmente feitos em madeira.

LUCA SIGNORELLI (1445 a 1523) – Madona e criança – Óleo sobre madeira

Até os séculos XIV e XV, a maioria dos trabalhos em pinturas eram encomendas feitas pela Igreja, sem dúvida o grande mecenas da arte naqueles tempos. Os retábulos eram essas principais encomendas e quase sempre eram peças fixas, que não abandonariam seus locais de instalação inicial. Seus adornos, ou molduras, compunham assim um conjunto com a arquitetura do templo onde eram instalados. Com o Renascimento houve uma significativa mudança nesse cenário. Nobres ricos começaram a dividir o mecenato com a igreja e cada vez mais colecionavam pinturas e esculturas em suas propriedades. Precisavam, porém, transportar essas obras quando bem entendessem e para onde quisessem. Com a necessidade de uma armação portátil e móvel, as pinturas passaram a ter molduras cada vez mais elaboradas, tanto no sentido funcional de proteção quanto no sentido estético.

ANTOINE BOUVARD – Tarde em Veneza

Óleo sobre tela – 51 x 66

EDMOND LOUIS DUPAIN – Um passeio romântico – Óleo sobre tela – 60,96 x 45,72

JEAN-ETIENNE LIOTARD – Prince Charles Edward Stuart

Óleo – Oval de 5 cm

Foi com Francisco I, monarca renascentista francês, que aconteceu o ápice de uma produção organizada de molduras. Nesse período, as molduras já não eram mais produzidas pelo artista, como acontecia anteriormente. Havia agora um moldureiro, exclusivamente treinado para isso e que passou a ter uma importante função nas etapas finais de qualquer decoração. A coisa se organizava a tal ponto que, mesmo naquele período, já eram lançados livros com dicas de decoração de interiores, ricamente ilustrados a mão. Praticamente um século depois, já no reinado de Luís XIII, o requinte tornou-se o centro da atenção em qualquer decoração palaciana. Novos perfis de moldura foram criados e também foram introduzidos neles arabescos dos mais diversos possíveis, fato que levou ao processo natural da concepção barroca de molduras. Praticamente toda a Europa se viu influenciada por essa nova corrente de produção. No reinado de Luís XIV, isso tomaria proporções inimagináveis anteriormente. Madeira e gesso eram usados indiscriminadamente na confecção de perfis cada vez mais rebuscados. O Barroco estava em seu apogeu e abria terreno para os excessos do Rococó.

LOUIS MECLENBURG – Ponte de Rialto a noite

Óleo sobre tela – 49 x 67 – 1864

CHILDE HASSAM – Uma estrada no campo

Pastel sobre papel – 44,8 x 54 – 1891

JAN TOOROP – Duas mulheres

Lápis, crayons coloridos e aquarela sobre papel em moldura

desenhada pelo próprio artista – 24,5 x 37,5 – 1893

Como que se revoltando contra o excesso de toda essa decoração opulenta, o final do século XVIII via a criação de perfis de molduras mais leves e finos, com influências orientais, que incluíam até mesmo o uso de bambu. Os estilos edwardianos e vitorianos trariam novas influências ao design de molduras, até que mais tarde, já nos anos impressionistas do século XIX, a moldura passou a ser uma continuação da pintura. Peças mais planas, chanfradas simplesmente, cuja característica principal era o uso puro da madeira, sem muitos acabamentos, passaram a ser o que mais dominava o design das molduras naqueles tempos.

CLAUDIO DA FIRENZE – Marina di Campo

Óleo sobre madeira

VINÍCIUS SILVA – Tarde no cerrado – Óleo sobre tela – 30 x 50 – 2010

O século XX iria presenciar o nascimento maciço de um grande número de estilos de trabalhos, que não incluíam apenas pinturas, mas também gravuras, desenhos e até mesmo a fotografia. Uma infinidade de coisas precisava ser enquadrada e para tanta novidade visual novos perfis de molduras e novas formas de montá-los foram sendo criados. A criação da moldura e da obra voltou inclusive a ser feita novamente pelo artista. Já no final do século XX, a arte contemporânea traria liberdade irrestrita para isso. Um número cada vez mais crescente de materiais reciclados e alternativos foi sendo manipulado e desenvolvido. Até que a exclusão completa das molduras chegou com a nova onda de produzir trabalhos somente em painéis, cujas laterais também recebem pintura, seja com a continuação da temática do plano principal ou apenas com uma pintura uniforme de acabamento.

Um oficina de molduras em 1900. Anônimo.

Produção artesanal de molduras, feita pelo artista João Carvalho.

E aqui estamos nós, num tempo onde convivemos com tudo isso. Materiais antigos e atuais disputando espaços semelhantes. Temos diante de nós o tradicionalismo dos antigos estilos e a inovação das modas recentes. Cabe-nos conviver com todos eles e respeitar seus locais ideais de utilidade. Uma coisa é certa, as molduras sempre farão parte da história da arte.

 

Voltar ao INÍCIO
FACEBOOK INSTAGRAM
No Comments

Post A Comment